Entre o início de 2024 e o mesmo período do ano anterior, a oferta de casas para arrendar no Porto e em Lisboa dobrou.
O mercado de arrendamento em Portugal encontra-se num momento de transformação significativa. Antes caracterizado pela escassez de habitações para arrendar, observa-se agora um aumento substancial. De acordo com os dados mais recentes, houve um aumento de 81% no número de casas disponíveis para arrendar no primeiro trimestre de 2024, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Este crescimento pode ser em parte atribuído às iniciativas do programa Mais Habitação, que estão em aplicação há meio ano, entre outros fatores.
Na minha opinião, algumas medidas adotadas pelo governo anterior no âmbito habitacional parecem estar a influenciar o mercado de arrendamento em Portugal, refletindo-se num aumento expressivo da oferta de casas para arrendar.
A limitação ao Alojamento Local (AL), a extinção do regime de Residentes Não Habituais (RNH) e a diminuição dos impostos sobre as rendas podem ter ajudado a aumentar a disponibilidade de imóveis no mercado.
Nos próximos meses, será crucial acompanhar a evolução do mercado de arrendamento, considerando as mudanças no cenário económico e político, especialmente com a prevista anulação de certas políticas do Mais Habitação,
como por exemplo, várias limitações ao Alojamento Local, o arrendamento forçado de habitações desocupadas e o congelamento das rendas, que foram recentemente prometidas pelo novo Governo liderado por Luís Montenegro.
Embora exista atualmente uma maior disponibilidade de casas no mercado de arrendamento, o custo de arrendar uma habitação em Portugal continua a aumentar: as rendas registaram uma subida de 2% no início de 2024 comparativamente ao trimestre anterior. Assim, o elevado preço das rendas, especialmente nas maiores cidades, juntamente com o reduzido poder de compra, pode estar a dificultar a mudança de residência das famílias. No entanto, o interesse por arrendar mantém-se elevado, pois existe, em média, o interesse de 34 famílias por cada imóvel disponível para arrendamento segundo os dados obtidos de diversas plataformas do setor.
Saiba quais as 19 grandes cidades, que a oferta aumentou
A disponibilidade de habitações para arrendar aumentou em 19 das 20 capitais de distrito de Portugal no último ano, conforme indicam os dados obtidos, num dos principais portais imobiliários do sul da Europa. A exceção foi Viana do Castelo, onde houve uma redução de 2% no número de imóveis disponíveis.
Os incrementos mais significativos foram observados em Bragança, com um aumento de 191%, seguido pelo Porto com 129%, Leiria com 128%, e Lisboa com 102%, cidades nas quais o número de imóveis para arrendar mais do que duplicou entre o início de 2024 e o mesmo período de 2023.
Outras cidades com aumentos notáveis incluem Aveiro (99%), Braga (92%), Coimbra (84%), Castelo Branco (73%), Faro (71%), Vila Real (67%), Beja (64%), Funchal e Setúbal ambos com 55%, Guarda (29%), Évora (28%) e Ponta Delgada (17%).
As menores subidas foram registadas em Santarém (10%), Portalegre (8%) e Viseu (3%).